quarta-feira, 21 de abril de 2010

Nina!

Depois do sucesso que foi o primeiro livro (e o segundo também caminha para lá), apresentamos o terceiro livro da autora Moony Witcher, Nina e a Maldição da Serpente Emplumada.



Com ilustrações apelativas e uma história de cortar a respiração, a série Nina tem feito as delícias de inúmeros leitores!


Lê aqui um excerto do terceiro livro da série, acabado de sair nas livrarias:

«Adónis abanava a cauda e, com o focinho apoiado na pequena caixa de vidro em forma de estrela, observava curioso a estranha substância branca e fluorescente que pairava no seu interior. Aquele brilho criava na obscuridade do aposento uma atmosfera mágica que parecia anunciar significativos e inquietantes acontecimentos.
Também Platão, que se esfregava na barriga do grande dogue preto, parecia interessado. Ronronava, à espera de que o cão se decidisse a dar uma patada no objecto fazendo-o cair da fofa almofada de cetim amarelo que Nina tinha posto mesmo aos pés da cama de dossel.
A Menina da Sexta Lua dormia sob o edredão azul-turquesa; o seu rosto tinha uma expressão tranquila. O silêncio delicado e bem-aventurado que envolvia o quarto parecia ter afastado, pelo menos naquela noite natalícia, a traiçoeira Voz da Persuasão, uma criatura poderosa criada pelo grande inimigo da pequena alquimista, o conde Karkon Ca’ d’Oro. A Voz tinha as feições de um monge sem sombra e sem rosto. Já há alguns dias que não entrava nos sonhos de Nina: decerto estava a tramar novas e perigosas estratégias para convencer a rapariga de que o verdadeiro Bem estava no Mundo Escuro.
Nina tinha adormecido com o sorriso estampado nos lábios apesar de tudo o que a angustiava. As forças obscuras estavam prontas a agir: a calma que envolvia a Villa Espasia era, portanto, apenas aparente.
No quarto azul reinava um daqueles silêncios invernais que se saboreiam no quentinho, quando a madrugada ainda não despontou e a noite deixou recordações alegres. Cão e gato, porém, estavam realmente irrequietos: não viam a hora de acordar Nina para brincar com aquele estranho objecto luminoso que o professor Michajl Mesinskj, o sábio avô Misha, lhe tinha oferecido. De repente Platão saltou para a mesinha fazendo-a abanar e… o precioso maço dos alquitarôs e a antiga faca de Osíris, a Sikkim Qadim, caíram no tapete. Também estes, como a caixa em forma de estrela, eram presentes de Natal vindos de Xorax. O avô já vivia há meses como ser luminoso em Xorax, a Sexta Lua, e aqueles presentes tinham um significado bem mais complexo do que o afecto com que tinham sido enviados à neta: em breve iam ser-lhe úteis numa autêntica guerra entre alquimistas.
Nina abriu os olhos, acordada pelos movimentos de Platão. A gemer acendeu o pequeno candeeiro na mesa-de-cabeceira e dirigiu o olhar para os dois animais.
– Bolas, o que estão a fazer? Deixem-me dormir – resmungou, aborrecida, mas na penumbra viu claramente que Platão tinha atirado para o chão os dois preciosos presentes. Sentou-se na cama e, antes sequer de apontar o dedo ao gato para o repreender, fez cair a estrela de vidro da almofada aos seus pés. – Por todos os chocolates do mundo! Será que a parti!? – exclamou assustada.
Desceu logo da cama e apanhou-a, segurando-a com delicadeza entre as mãos. Instintivamente olhou para a palma da sua mão direita para verificar a marca de nascença em forma de estrela: estava perfeitamente normal, vermelha, portanto não se adivinhava qualquer perigo. Observando a forma da caixinha, um pensamento atravessou-lhe a mente como um relâmpago: “Estrelas, sinais do destino alquímico. Este objecto é sem dúvida indispensável para a salvação da Sexta Lua.”
Após uma fracção de segundo, voltou a pousar os olhos no objecto mágico. Por sorte estava intacto e o aspecto da estranha substância gasosa também não se tinha modificado. Acariciou a caixa e, com os dedos, tocou nas duas letras xoraxianas gravadas no vidro: “C. C., o que será que significa?”, perguntou-se enquanto apanhava do chão o maço dos alquitarôs e a faca egípcia. Pousou os três objectos no edredão, virou-se para o cão e para o gato e, zangada, avisou-os:
– Nunca, mas nunca toquem nas minhas coisas mágicas! Perceberam bem?
Adónis deitou-se no tapete e tapou os olhos com as patas; Platão baixou a cauda e foi esconder-se debaixo da mesinha. Eram seis da manhã do dia 25 de Dezembro, e na Villa Espasia o dia de festa tinha começado assim, mas a boa disposição e a alegria da véspera de Natal, passada com toda a família e com os amigos, ainda enchiam o coração da Menina da Sexta Lua. [...]»

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